Joaquin Phoenix dá um soco no estômago com sua atuação incrível
O longa Coringa está em exibição no circuito nacional e o filme é muito mais do que mostrar a origem do principal vilão do Cavaleiro das Trevas (Batman). Ele simplesmente caminha com suas próprias pernas e mostra muito mais do que as expectativas iniciais nos fazem acreditar.
Uma Gotham City magistralmente conduzida num ambiente da década de 80 com uma alarmante taxa de criminalidade alta e com uma greve dos lixeiros que acaba deixando a visão dessa Gotham realista cada vez mais suja. Me fez lembrar da Gotham do conto "Cavaleiro das Trevas" de Frank Miller. Talvez arrisco a dizer que essa é a melhor retratação de Gotham City nos cinemas.
Em uma cidade tão caída surge o famoso Thomas Wayne que promete "varrer" a alta taxa de crimes e tirar muitos da extrema pobreza. Em meio a todo caos urbano, vive Arthur Fleck, um homem com sérios problemas mentais que toda semana passa por uma avaliação psicológica e acaba tomando sete remédios.
Arthur vive também com seus conflitos internos, com uma doença cerebral que o faz ter "ataques de risos" em situações de extremo estresse e que por vezes as pessoas não conseguem entender esse tipo de doença.
O filme se mostra caminhando lentamente em seu início, mostrando Arthur passando por momentos difíceis junto a sua mãe.
A direção de Todd Phillips está sensacional, ele conduz a história com maestria. Vendo o filme fica fácil entender porque ganhou o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Veneza. As camadas de profundidade que o longa se dá ao trabalho de mostrar são muito intensas e sempre levando Arthur Fleck revelar seu lado sombrio.
Assim como em piada mortal, a ideia que vejo desse longa é muito clara quando o assunto chega no âmbito de doenças mentais. Coringa aqui não é um fardado comediante que acaba aceitando roubar com codinome de Capuz Vermelho e acaba caindo num tanque de ácido. A construção do roteiro quis seguir por outro caminho e muito mais dentro da nossa realidade e posso te dizer que conseguiram.
Coringa é de longe um longa baseado em quadrinhos. Ele é tão presente e único que tudo ali pode ser meramente voltado para a nossa realidade social. O roteiro de Todd Phillips, Bill Finger e Jerry Robinson é muito realista em tudo que se propõe a ser feito. Tem um determinado momento do filme , que uma cena arranca risos do grande público mas só que a cena é colocada dentro de uma cena onde se passa algo muito ruim. Você rir pelo que acontece na hora mas seu cérebro não desliga em relação ao ato anterior que choca pela forma que é feita.
A atuação de Joaquin Phoenix é algo fora do normal, realmente fiquei surpreendido com a entrega total dele para o personagem. Perder peso expressivamente, os trejeitos, a famosa risada insana que aqui é construída ao longo do filme inteiro, ela começa de um jeito e termina mais perversa do que antes.
A sua interpretação aqui não poderá ser esquecida. A Warner Bros continua tendo nos seus filmes da DC atores de calibre e que com certeza deve render a Phoenix a pelo menos uma indicação ao Oscar 2020.
Arthur Fleck é um homem que vai sendo destruído ao longo de sua vida. Partes suas morrem a cada dia. Tudo parece dá errado e faz com que o personagem entenda de sua forma doentia que sua vida é uma verdadeira comédia. Em alguns momentos você ousa a entender o do porque ele chega ao ponto que chegou, mas claro que não justifica suas insanidades morais e frieza para o próximo.
A transformação de Fleck em Coringa é construída de forma lenta, pois a ideia em questão é levar o espectador a vê no ponto de vista do futuro vilão. Do até então Bruce Wayne ainda criança que não faz ideia de sua importância para o mundo.
O longa de Todd Phillips te revela detalhes colocados a mais que você nunca viu em outro lugar, realmente tiradas sensacionais.
Phoenix entrega muito material bom nesse filme. Atuação tão incrível quanto do falecido Heather Ledger em "Batman: O Cavaleiro das Trevas". Longa que até hoje é dado com um dos melhores filmes de Super-Heróis de todos os tempos.
O personagem de Robert De Niro também tem participação importante na história e junto com ele entra Zazie Beetz que encarna como um interesse amoroso de Fleck.
Em um determinado momento do filme é iniciado o estopim
que desencadeia vários fatos dentro da trama e tudo começa dentro de um vagão do Metrô de Gotham onde Fleck é importunado por três homens.
A produção de Coringa também conta com o talento do ator e diretor Bradley Cooper que aqui entra de cabeça na função de mostrar a origem do vilão mais famoso do mundo.
E sim onde caminha o Batman, seu maior vilão caminha junto. Como dito em Piada Mortal, um acaba justificando a existência do outro.
Se o Coringa de Christopher Nolan em 2008 era um anarquista que queria destruir e tacar fogo em Gotham City, o Coringa de Todd Phillips leva a extremidade de uma pessoa mentalmente perturbada e que vê seu mundo desabando na sua frente.
Sobre a violência e o tal excesso, não é verdade total. O longa possui sim uma certa violência impregnada no personagem (não se esqueça que estamos falando de um psicopata) e que em algum momento ele vai mostrar do que é capaz....e ele mostra bem.
Coringa é daqueles filmes que te crava em profundidade, te faz pensar, abordar assuntos complexos até dentro do âmbito de quadrinhos e ainda te dá um soco no estômago de tão realista.
É um longa para não ser esquecido, visto e revisto diversas vezes. Muito impactante e de pegada crua como deve ser. Esse sem dúvida é o longa da DC mais ousado de todos e que se diferencia demais de qualquer outro.
Sobre a questão de o filme se tornar perigoso. Não acredito nesta tese, existem longas muito mais expressivos com violência e nem por isso são criticados. Coringa é um longa baseado num personagem ficcional de histórias em quadrinhos. Não serve como suporte para transcender alem da película.
SUA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA É PARA MAIORES DE 16 ANOS
Sobre a questão de o filme se tornar perigoso. Não acredito nesta tese, existem longas muito mais expressivos com violência e nem por isso são criticados. Coringa é um longa baseado num personagem ficcional de histórias em quadrinhos. Não serve como suporte para transcender alem da película.
SUA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA É PARA MAIORES DE 16 ANOS
"Num Mundo onde o sistema te faz sofrer, coloque um sorriso nessa sua cara"
Sensacional!!!!
Cinema de Primeira Brasil é escrito e editado por Leandro Barreira, que é Nerd Extremista, fã de séries,games e viciado em filmes. Carioca de coração e que possui um juramento em sua vida:
"No dia mais claro
Na noite mais densa
O mal sucumbirá ante à minha presença
Quem comete a maldade tudo perde"
Boa analise
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